27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Diagnóstico e tratamento tardio de rara interrupção de arco aórtico com colaterais sistêmicas: Relato de Caso

Introdução e/ou Fundamentos

 A Interrupção do Arco Aórtico (IAA) é uma descontinuidade anatômica em qualquer parte do arco, podendo ser considerado uma coarctação aórtica extrema. Anatomicamente é classificado em tipo A (istmo aórtico), B (entre carótida comum e subclávia) e C (entre tronco braquiocefálico e carótida comum). É uma anomalia rara, correspondendo a 0,7 a 1,4% de todas cardiopatias congênitas, sendo o tipo B o mais encontrado. Consite em uma patologia canal-dependente que necessita de diagnóstico e tratamento precoces, uma vez que evolui quase sempre com choque cardiogênico após fechamento do canal arterial. Raramente ocorre formação de colaterais permitindo fluxo sanguíneo sistêmico por tempo maior. O objetivo desse relato é discorrer um caso de IAA com colaterais em lactente com sintomas tardios de modo a chamar atenção para essa patologia e a importância de seu rápido diagnóstico e tratamento. O caso ocorreu na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte (SCMBH), com coleta de dados após autorização dos pais e aprovação do Comité de Ética e elaboração a partir de revisão bibliográfica nos principais livros textos e plataformas digitais de artigos científicos.

Relato do Caso

Lactente de 9 meses encaminhado para SCMBH com insuficiência cardíaca e diagnóstico preliminar de Comunicação Interventricular (CIV). Ecocardiografia mostou IAA, sendo propedêutica complementada com angiotomografia e cateterismo cardíaco que revelaram IAA do tipo B com colaterais para aorta torácica e subclávia direita aberrante (figura 1). Submetido a cirurgia com interposição de prótese e fechamento da CIV em março 2022.  Pós operatório em Unidade de Terapia Intensiva, evoluindo com internação prolongada por choque cardiogênico, derrame pericárdico volumoso, taquiarritmias, sepses e sequelas neurológicas.  Apesar de todas as complicações, progrediu para estabilidade do quadro e resultado cirúrgico satisfatório. Mantem acompanhamento regular ambulatorial.Figura 1- Cateterismo de lactente de 9 meses mostrando IAA do tipo B com colaterais para aorta torácica

Conclusões

IAA é uma cardiopatia congênita canal-dependente rara requerendo diagnóstico por imagem e cirurgia como tratamento definitivo. A angiotomografia nesse cenário permiti definição do local preciso da interrupção objetivando planejamento cirúrgico e avaliação de possíveis colaterais. Portanto, deve ser o exame de imagem não invasivo de escolha na suspeita de IAA. O diagnóstico intraútero é muito valioso, possibilitando que o parto ocorra em centro especializado com tratamento precoce reduzindo assim a morbimortalidade.

Área

Relato de caso

Instituições

Grupo Santa Casa - Minas Gerais - Brasil

Autores

LUZICLELIA JANICE ANDRADE REIS, ALEXANDRE REIS BARBOSA, Thales de Melo Masci Valadão Cardoso, Cathia Costa Carvalho Rabelo, Maria da Gloria Cruvinel Horta, TEREZA LÚCIA DE MELO MASCI, Marly de Oliveira