27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

FÍSTULAS CORONÁRIO-CAVITÁRIAS: UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE SOPRO CONTÍNUO A SER LEMBRADO

Introdução e/ou Fundamentos

As fístulas coronário‐cavitárias (FCC) são caracterizadas por comunicação entre as artérias coronárias e as cavidades cardíacas ou grandes vasos do coração direito. Trata-se de anomalia predominantemente congênita e pouco incidente na população pediátrica. Esse trabalho objetiva descrever caso com anatomia infrequente e cujo diagnóstico foi considerado a partir do achado de sopro contínuo ao exame físico.

Relato do Caso

Menina, 3 anos, portadora de Síndrome de McCune Albright, transtorno de espectro autista e epilepsia,  internada por escape de crise convulsiva e avaliada pela cardiologia após ausculta de sopro sisto-diastólico em borda esternal esquerda média-baixa. Assintomática do ponto de vista cardiovascular, sem fatores de risco para doença cardíaca, sem história recente de febre, exantema ou conjuntivite. Realizou ecocardiograma com evidência de dilatação do tronco da coronária esquerda (TCE) e da artéria interventricular anterior (AIA) com câmaras cardíacas de tamanho e função normais. Complementou investigação com angiotomografia de artérias coronárias confirmando a dilatação do TCE, da AIA e da artéria diagonal (AD), bem como presença de múltiplas pequenas FCC entre as artérias citadas e a cavidade do ventrículo esquerdo (VE) e direito.

Conclusões

As FCC geralmente envolvem a artéria coronária direita, seguida pela AIA, sendo as câmaras cardíacas direitas e as artérias pulmonares os locais de drenagem mais comuns. Fístulas entre as artérias coronárias e o VE são muito raras. Muitos pacientes são assintomáticos e o diagnóstico é aventado diante de sopro precordial contínuo. Dependendo da magnitude do fluxo sanguíneo pela fístula, podem ocorrer sintomas de insuficiência cardíaca ou isquemia miocárdica. O diagnóstico através de métodos não invasivos é realizado por ecocardiograma e tomografia computadorizada, sendo a cinecoronariografia o método mais acurado. O tratamento para fechamento da comunicação depende de muitos fatores e é indicado diante de fístulas de maior calibre e fluxo. A conduta expectante é uma opção terapêutica em crianças pequenas e assintomáticas com lesões sem repercussão hemodinâmica devido à possibilidade de oclusão espontânea. O caso descrito relata uma anatomia incomum das FCC, uma vez que há envolvimento de AIA e AD com drenagem para segmento médio-apical do VE. Por ocorrer em criança pequena e ser assintomática, foi optado por conduta expectante. A paciente segue estável, sem desenvolver complicações relacionadas à fístula.

Área

Relato de caso

Autores

Milena Bancer Gabe, Júlia Merladete Fraga, Adriane Mara Lima, Tulio Enrique Carriazo Galindo, Carlo Benatti Pilla, Carolina Sander Reiser, Andrea Tomasi Sutil, Livia da Rosa Pauletto