27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

TRANSPLANTE CARDÍACO PEDIÁTRICO: MIOCARDITE POR SARS-COV-2 VERSUS REJEIÇÃO AGUDA

Introdução e/ou Fundamentos

A infecção por COVID-19 pode levar à insuficiência cardíaca e a miocardite na população em geral. No entanto, há escassez de estudos sobre efeitos em transplantados cardíacos na população pediátrica. Relatamos adolescente submetida a transplante cardíaco que evoluiu com infecção por COVID-19 e disfunção cardíaca.

Relato do Caso

Adolescente de 14 anos submetida ao transplante cardíaco em junho de 2017, sem episódios de rejeição prévios.

Em 2021 apresentou quadro gripal, sendo diagnosticada com infecção por COVID-19. Duas semanas depois, procurou o pronto-socorro com dor abdominal, hepatomegalia, edema facial, hemorragia conjuntival e limitação moderada às atividades de vida diária. Apresentava PCR positivo para SARS-COV-2. Diante dos sintomas, fez uso de drogas vasoativas e tratada como rejeição de transplante cardíaco.
Após este tratamento, sua biópsia miocárdica mostrou rejeição celular (1R) e (PAMR 0).
Dois meses depois, retornou ao pronto socorro com fadiga, dispnéia, em quadro de insuficiência cardíaca descompensada, apresentava aumento de BNP e aparecimento de bloqueio de ramo direito novo no eletrocardiograma. No ecocardiograma, observou-se diminuição do strain ventricular.

Evoluiu com febre, piora da função hepática, renal e aumento de proteína C reativa. Nova biópsia miocárdica revelou rejeição celular aguda (3R) e por anticorpos PAMR1 H+ (Figura AP1, AP2) e ausência de SARS-COV-2 no miocárdio.
Recebeu terapêutica para rejeição e biópsia controle revelou rejeição aguda celular baixa (1R).

Conclusões

No transplante cardíaco pediátrico, em pacientes com COVID-19 e insuficiência cardíaca, deve-se realizar diagnóstico diferencial entre miocardite por SarCov-2 e rejeicao ao transplante para terapêutica adequada.

 

Figura AP 1


Corte histológico do miocárdio mostrando vários pontos de agressão aos miocardiócitos, alguns dos quais são apontados por setas. Esse padrão estava presente em todos os amostras. Hematoxilina & Eosina, ampliação da lente objetiva 40x.

 

Figura AP 2


Corte histológico do miocárdio. As setas apontam alguns capilares com células endoteliais inchadas, padrão histológico que caracteriza a suspeita de rejeição mediada por anticorpos (PAMR1 H+). A imunohistoquímica para CD4 foi negativa. Hematoxilina & Eosina, ampliação da lente objetiva 40x.


 

 

 

 

Área

Relato de caso

Instituições

INCOR - FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Helio Milani Pegado, Adailson Siqueira, Luiz Alberto Benvenuti, Claudia Regina Pinheiro Castro, Santiago Raul Arrieta, Paulo Sampaio Gutierrez, Marisa Dohlnikoff, Vera Demarchi Aiello, Marcelo Biscegli Jatene, Estela Azeka