27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Interdependência ventricular: avaliação da função ventricular esquerda com análise de strain miocárdico após a descompressão do ventrículo direito em pacientes com atresia pulmonar com septo interventricular íntegro e estenose valvar pulmonar c

Introdução e/ou Fundamentos

A disfunção ventricular esquerda após a valvoplastia pulmonar percutânea é descrita em até 35% dos neonatos e lactentes portadores de atresia pulmonar com septo interventricular íntegro (APSI) e estenose valvar pulmonar crítica (EPC). O ventrículo esquerdo (VE) e o direito (VD) estão diretamente ligados pelo septo interventricular, circundados por fibras miocárdicas comuns e dividem o mesmo saco pericárdico, tornando a função de ambos inseparavelmente ligada. O parâmetro avaliado nos poucos estudos neste grupo de pacientes é a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) e apenas um avaliou, de forma retrospectiva, a deformação miocárdica.

Métodos

Estudo prospectivo observacional longitudinal com 23 pacientes portadores de APSI e EPC tratados por valvoplastia pulmonar percutânea com balão (VPPB), submetidos a ecocardiogramas antes (PRÉ), em até 7 dias (PÓS), e 1 (1M), 3 (3M) e 6 meses (6M) após o procedimento. Foram analisados parâmetros de função sistólica e diastólica do ventrículo esquerdo (VE), incluindo Doppler tecidual e strain miocárdico.

Resultados e Conclusões

RESULTADOS: 5 de 23 pacientes (21%) apresentaram FEVE reduzida no PÓS, 7 de 16 (43%) no 1M, 1/15 (6%) no 3M e 1/13 (7%) no 6M. A FEVE média nos tempos PRÉ, PÓS, 1M, 3M E 6M e a diferença estatística em relação ao tempo PRÉ foi respectivamente 71 (+-10), 60 (+-7) p 0.04, 54 (+-9) p 0,03, 59 (+-4) p 0,05 e 57 (+-6)% p 0,05. O strain global longitudinal médio do VE foi de - 17,3+-5, - 17,8+-4, - 18,5+-3, - 20,7+-2 e - 22,3+-1% respectivamente nos períodos PRÉ, PÓS, 1M, 3M e 6M (p 0,373 entre PRÉ e 6M). Houve redução da deformidade miocárdica dos segmentos septais médios e basais nos períodos iniciais, com strain médio destes segmentos - 12, - 12,3, - 14,8, - 15,5 e -16,6% respectivamente nos tempos PRÉ, PÓS, 1M, 3M E 6M. Houve aumento da velocidade s' septal (média 4 +-0,9, 3 +- 0,9, 5+-0,1, 6+-0,1 e 5+-0,08 cm/s - p 0,003), da relação E/A (0,7 +-0,1, 0,8+-0,2, 0,9+-0,4, 1+-0,2 e 1+-0,4, p 0,024) e E/e'(14+-5, 16+-3, 13+-5, 11+-3 e 9 +-3 - p 0,032), valores referentes aos respectivos tempos PRÉ, PÓS, 1M, 3M e 6M.

CONCLUSÃO: A descompressão do VD nos pacientes com EPC e APSI ocasionou piora da função sistólica do VE, com disfunção em 43% deles e comprometimento do strain septal médio-basal, com recuperação completa em até 6 meses.

Palavras Chave

Atresia pulmonar com septo íntegro; Estenose pulmonar crítica; Valvoplastia pulmonar percutânea; Disfunção ventricular esquerda; Ecocardiograma; Strain miocárdico; Interdependência ventricular

Área

Imagem cardiovascular na cardiopatia congênita e adquirida

Autores

Maria Fernanda Silva Jardim, Simone Rolin Fontes Fernandes Pedra, Carlos Augusto Pedra, Rodrigo Nieckel da Costa, Jorge Eduardo Assef