27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Ross II como opção para lactente - Relato de caso

Introdução e/ou Fundamentos

A “valva mitral em arcada” foi primariamente descrita por Layman e Edwards em 1967 como “uma anormalidade da válvula mitral que consiste na conexão dos músculos papilares do ventrículo esquerdo com a parte anterior do folheto da válvula mitral diretamente ou pela interposição de uma cordoalha tendínea excepcionalmente curta”. O número de pacientes com estenose mitral não reumática é tão pequeno que poucas informações estão disponíveis sobre a história natural.

Relato do Caso

Lactente de 1 ano e pesando 5,5 Kg, com história de infecções do trato respiratório, cardiomegalia em radiografia de tórax e sopro cardíaco importante. Ao ecocardiograma evidenciado valva mitral em arcada estenótica, com anel valvar de 13mm e orifício efetivo de 3,5 mm, gradiente diastólico médio de 26 mmHg e refluxo importante. Devido a repercussão do duplo defeito mitral houve indicação operatória afim de corrigi-los e prevenir alterações evolutivas, como disfunção ventricular e hipertensão arterial pulmonar. Presumiu-se que a técnica mais adequada seria a substituição da valva mitral, mas com chances de sucesso através de plastia a ser avaliada no ato operatório.

Durante procedimento confirmado aspecto de valva em arcada e realizado abertura do papilar e desbastamento do folheto posterior sem melhora do grau de estenose e insuficiência. Realizado então a ressecção da valva nativa, deixando um diâmetro anular de 12mm (incompatível com implante de prótese valvar mecânica, cujo menor diâmetro disponível é 16mm). Neste cenário optado pela realização do procedimento ROSS II, implante de auto enxerto valvar pulmonar em posição mitral. Paciente apresentava valva pulmonar de boa anatomia com anel valvar 12mm. Ressecada a valva pulmonar e implantada a mesma em tubo de Dacron 14, sendo este implantado em região supra anular do anel mitral. A via de saída do ventrículo direito foi reconstruída utilizado tubo valvulado n°13. 

A lactente evoluiu com boa resposta clínica ao procedimento adotado, e no sétimo dia de pós operatório o ecocardiograma demonstrava auto enxerto da valva pulmonar em posição mitral com boa mobilidade, gradiente médio de 5,8mmHg e sem disfunção.

Conclusões

O tratamento cirúrgico para substituição da valva mitral em lactentes é um desafio devido ao diâmetro valvar ser menor do que as próteses mecânicas atualmente disponíveis. As evidências atuais sugerem que a operação de Ross II é uma alternativa valiosa quando a plastia mitral não é possível e não haja tamanho valvar adequado para implante de próteses.

Área

Relato de caso

Instituições

Hospital Salvalus - São Paulo - Brasil

Autores

Heloisa Maria Khader, Alex Rodrigo Rodrigues de Oliveira, Felipe Coutinho Dell’Orto, Fabricio Marcondes Camargo, Lílian Maria Lopes, Christian Santos Pereira, Gabriela Duarte Costa Constantino, Daniel Peres Guimarães, Juliano Gomes Penha