27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Disautonomia cardíaca como causa de Síndrome da Encefalopatia Posterior Reversível (PRES) em um paciente com Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P)

Introdução e/ou Fundamentos

A disautonomia cardíaca ocorre por uma disfunção no Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e pode ser desencadeada por um período de estresse físico, como o que ocorre na Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) pós infecção por COVID-19, resultado da atividade inflamatória exacerbada. A Síndrome da Encefalopatia Posterior Reversível (PRES) é uma entidade neurológica rara, caracterizada por cefaléia, crises convulsivas, alteração visual transitória e alteração cognitiva, relacionada a condições clínicas, como: hipertensão arterial, insuficiência renal e terapia imunossupressora.

Relato do Caso

Paciente masculino, 10 anos, obeso, admitido por queixa de dor abdominal e febre e diagnosticado com apendicite aguda, sendo submetido à apendicectomia e evoluindo, no pós-operatório, com disautonomia: bradicardia, taquicardia, labilidade da pressão arterial e hipertensão arterial de difícil controle. Possuía antecedente de contato prévio com o vírus SARS-CoV-2 , e associado a critérios clínicos e anatomopatológicos, foi idenfiticada imunodeficiência secundária (imunoparesia por consumo pela SIM-P), sendo indicada imunoglobulina humana. Apresentou bradicardia sinusal, hipossaturação e rebaixamento do nível de consciência em vigência de pico hipertensivo, sendo necessário intubação orotraqueal. Devido à instabilidade hemodinâmica, fez uso de droga vasoativa e foi avaliado por cardiologista pediátrico, além da realização de ecodopplercardiograma transtorácico, eletrocardiograma e dosagem de enzimas cardíacas, exames estes sem particularidades. Após apresentar picos hipertensivos significativos, através da ressonância magnética de crânio, identificados achados sugestivos de PRES, como hiperintensidade subcortical em lobos occipitais, sendo necessário corticoterapia. Permaneceu 42 dias em Unidade de Terapia Intensiva, após controle hemodinâmico evoluiu satisfatoriamente e recebeu alta com anti-hipertensivos e anticonvulsivantes. Atualmente, mantém cefaléia, estrabismo e amaurose parcial em 5 meses de seguimento.

Conclusões

A SIM-P possui aspecto clínico variável, sendo a disautonomia cardíaca uma consequência de sua evolução. Aventa-se a possibilidade de correlação entre SIM-P e PRES, pois a disfunção autonômica cardíaca (presente na SIM-P) foi considerada causa da encefalopatia hipertensiva no caso descrito. Faz-se relevante que, o cardiologista e o intensivista pediátrico, tomem conhecimento da complicação da SIM-P acima descrita para que a identificação e tratamento adequado sejam realizados.

Área

Relato de caso

Autores

Letícia Carolinna Gonçalves Datore , Giolana Mascarenhas da Cunha , Alliny Beletini Silva Martelli , Ana Carolina Goyos Madi , Quinto Henrique Labre Salvadori , Jéssica Melchior , Heloisa Fiorentin , Isadora Cassol Zancanaro , Aline Fernanda Azevedo , Gabriela Fazolin Pereira