27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS ASSOCIADA A COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR, INTERRUPÇÃO DE ARCO AÓRTICO E CANAL ARTERIAL BILATERAL: UM CASO RARO

Introdução e/ou Fundamentos

A transposição das grandes artérias (TGA) com comunicação interventricular (CIV) é uma cardiopatia relativamente comum na cardiologia pediátrica, porém encontrá-la associada à interrupção do arco aórtico e canal arterial bilateral é extremadamente raro, o que torna a escolha terapêutica um desafio. Esse trabalho objetiva descrever essa complexa cardiopatia e relatar as dificuldades encontradas na escolha do tratamento cirúrgico.

Relato do Caso

Paciente com diagnóstico fetal de TGA com CIV em acompanhamento pré-natal em unidade de referência de medicina fetal e cardiologia pediátrica, nasce com 36 semanas via parto cesáreo devido diabetes gestacional com mau controle glicêmico, sendo iniciado prostaglandina contínua logo após o nascimento. Realizado ecocardiograma pós-natal com aproximadamente 4 horas de vida que confirmou o diagnóstico fetal e identificou também interrupção de arco aórtico tipo A e presença de dois canais arteriais (canal arterial direito conectado a aorta descendente e canal arterial esquerdo conectado a extremidade distal do arco transverso). Complementou-se a investigação com angiotomografia de tórax para melhor avaliação anatômica, confirmando os achados (Figura 1). Realizada múltiplas discussões em equipe clínico-cirúrgica da cardiologia pediátrica e optado por realização de procedimento híbrido. No pós-operatório, paciente necessitou realizar atriosseptostomia por balão para melhora da saturação em hemicorpo superior.  No momento, segue estável, ainda em ambiente de tratamento intensivo em recuperação dos procedimentos realizados. 

Conclusões

No caso descrito, extremamente complexo, a escolha terapêutica foi difícil, uma vez que não encontramos na literatura nenhum outro caso semelhante que nos guiasse a um tratamento com menor morbimortalidade e possibilidade de sobrevivência. Realizamos diversas reuniões para discussão da anatomia e fisiologia do caso, bem como as possibilidades diante das diferentes abordagens cirúrgicas: 1) correção total, sendo a sobrevida esperada muito baixa em vista da elevada complexidade e tempo de circulação extracorpórea requerida no procedimento; 2) procedimento paliativo, esperado maior sobrevida porém com característica fisiológica que resultaria em saturação de oxigênio menor no hemicorpo superior e maior no hemicorpo inferior. Optamos, em conjunto com a família, em realizar procedimento híbrido, através da bandagem das artérias pulmonares e colocação de stent no canal arterial principal, com plano de correção total em segundo momento.

 

Figura 1: angiotomografia com reconstrução tridimensional demonstrando a alteração anatômica.

Área

Relato de caso

Autores

Tulio Enrique Carriazo Galindo, Júlia Merladete Fraga, Milena Bancer Gabe, Adriane Mara Lima, Carlo Benatti Pilla, Daniel Hoyer de Carvalho Barcellos, Marcelo Brandão da Silva, Carolina Sander Reiser, Andrea Tomasi Sutil, Livia da Rosa Pauletto