27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Implante de “stent” na via de saída do ventrículo direito como opção no tratamento paliativo da Tetralogia de Fallot.

Introdução e/ou Fundamentos

A tetralogia de Fallot (T4F) é a cardiopatia congênita cianogênica mais comum, com um grande espectro de apresentações. Sua principal característica é o desvio anterossuperior do septo infundibular, responsável por seus quatro defeitos principais: comunicação interventricular, obstrução da via de saída do ventrículo direito (VD), hipertrofia do VD e dextroposição da aorta. O grau de obstrução pulmonar é o principal determinante da clínica. Lactentes jovens com obstrução e hipoxemia graves necessitam de procedimentos paliativos para manter bom fluxo pulmonar até que seja possível a cirurgia corretiva total. O implante de “stent” na via de saída do VD tem sido uma alternativa ao “shunt” sistêmico-pulmonar, principalmente nos casos com maior risco cirúrgico como prematuridade, baixo peso, anatomia desfavorável e comorbidades.

Relato do Caso

Lactente, nascido a termo, com diagnóstico de T4F na maternidade após ausculta de sopro. Encaminhado a centro de referência em cardiologia pediátrica, com queixa materna de cansaço às mamadas. O primeiro ecocardiograma do serviço, com 40 dias de vida, confirmou T4F de má anatomia. A valva pulmonar tinha abertura em cúpula, com anel medindo 6,5 mm(Z-score:-2,32), gradiente sistólico máximo VD-TP de 120 mmHg, hipertrofia infundibular importante, tronco e artérias pulmonares hipoplásicas. TP:4,8mm (Z-score:-4,05), APD:3mm (Z-score:-3,21), APE:2,5mm (Z-score:-3,42). Aos 2 meses e 10 dias de vida, apresentou crise de hipóxia grave, sendo internado para manejo do quadro. Optado por tratamento via hemodinâmica, com valvoplastia pulmonar com balão e implante de “stent” na via de saída do VD. Procedimento sem intercorrências, com melhora do fluxo efetivo pulmonar. Paciente extubado na sala da hemodinâmica, com alta hospitalar no dia seguinte, em uso de propranolol e ácido acetilsalicílico. Realizado ecocardiograma quinze dias após, demostrando regressão da hipertrofia do VD, gradiente sistólico máximo VD-TP de 75 mmHg, insuficiência pulmonar importante, e melhores dimensões das artérias pulmonares. APD:5,5mm(Z-score:-0,99) e APE:6,3mm(Z-score:-0,07). Lactente apresentou ganho de 1 Kg de peso no período e melhora dos sintomas.

Conclusões

O implante de “stent” na via de saída do VD tem se mostrado uma boa opção de tratamento paliativo da T4F nos primeiros meses de vida, com bons resultados e menor morbidade. Destaca-se a possibilidade de crescimento da árvore pulmonar pelo fluxo anterógrado adequado, favorecendo a correção cirúrgica definitiva na idade apropriada. 

Área

Relato de caso

Instituições

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - São Paulo - Brasil

Autores

Esther de Paiva Mota, Vanessa Augusto Canuto Nunes , Letícia Marim Videira Stamato, Marcelo Silva Ribeiro, Luiza Rocha de Castro, Marília Neves Pereira, Giovana Marin Cancian, Rebeca Araújo Bravo, Caroline de Almeida, Pabla Lorena Segovia Bareiro