27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Extrassístoles ventriculares em pacientes pediátricos sem cardiopatia estrutural: evolução e manejo em 10 anos em um centro quaternário.

Introdução e/ou Fundamentos

As extrassístoles ventriculares (EEVV) idiopáticas têm prevalência entre 5 a 40% em crianças e adolescentes. A longo prazo, uma carga acima de 30% no Holter está relacionada ao desenvolvimento de disfunção ventricular. Esse estudo avaliou a relação entre a densidade de EEVV, manejo clínico e a evolução nessa população em um centro quaternário.

Métodos

Estudo longitudinal observacional e retrospectivo baseado em análise de prontuário de um serviço quaternário de cardiologia de 2011 a 2021. Critérios de inclusão: menores de 18 anos na admissão, sem cardiopatia estrutural e pelo menos dois Holters com um mínimo de 5% de EEVV. Excluídos pacientes com canalopatias, taquicardia ventricular sustentada e registros incompletos. Os pacientes foram divididos em 3 grupos, baseado na densidade máxima de EEVV no Holter: grupo I com até 20% (7), grupo II com 20 a 30% (8) e grupo III acima de 30% (6), e comparados em relação à presença de sintomas, investigação, tratamento, carga de EEVV entre Holters, ecocardiograma e desfecho. Número e porcentagem foram usados para variáveis categóricas, mediana e intervalo interquartil (IIQ) para variáveis contínuas e o teste de Kruskal-Wallis para comparação entre os grupos.

Resultados e Conclusões

Foram avaliados 278 prontuários, 21 atenderam aos critérios de inclusão e exclusão, 52,4% sendo do sexo masculino. A mediana de idade ao primeiro exame foi de 7 anos (IIQ: 7,5 - 12 anos) e a mediana do tempo de seguimento foi 54,6 meses (IIQ 38 - 86 meses). Nenhum paciente do grupo III era sintomático, 71,4% do grupo I e 37,5% do grupo II eram sintomáticos (p=0,14) e 66% dos pacientes receberam tratamento farmacológico: 14,3% do grupo I, 85,7% do grupo II e 100% do grupo III (p=0,015). A classe de medicação mais usada foi betabloqueador (52,4%) seguido do sotalol (38%). Oito pacientes (38%) perderam seguimento clínico, 7 (33,3%) estão em acompanhamento sem uso de medicação, 3 (14,2%) receberam alta após resolução das ectopias, 1 (4,7%) está em seguimento com uso de medicação e 2 (9,5%) foram submetidos à ablação com sucesso após a puberdade, por má aderência e densidade elevada de EEVV. O manejo dos pacientes se mostrou heterogêneo nessa amostra, porém com tendência de boa resposta à terapia medicamentosa e resolução espontânea. Nenhum evoluiu para disfunção ventricular ao ecocardiograma, sugerindo que é possível manter um tratamento mais conservador nos pacientes com menos de 30% de EEVV e assintomáticos.

Palavras Chave

Extrassístoles ventriculares; Arritmia; Cardiomiopatia; Ablação.

Área

Arritmia e eletrofisiologia

Instituições

Instituto do Coração - InCor HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Larissa Furbino De Pinho Valentim, Stephanie Ondracek Lemouche, Alberto Pereira Ferraz, Leína Zorzanelli, César José Gruppi, Nana Miura, Maurício Ibrahim Scanavacca, Sissy Lara Melo