27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Transplante Cardíaco após Tratamento de Leucemia Mielóide Aguda - Desafios da Cardio-Oncologia

Introdução e/ou Fundamentos

Crescente número de sobreviventes ao câncer infantil, alcançando taxas de cura superiores a 80%, trouxe o reconhecimento de complicações cardiovasculares agudas e crônicas. Elas estão relacionadas aos agentes quimioterápicos, como antraciclina, presente na maioria dos protocolos de câncer pediátrico. Além da radioterapia e novos agentes moleculares. Espectro de complicações cardiovasculares é amplo, representado principalmente por disfunção miocárdica subclínica (sistólica e/ou diastólica), insuficiência cardíaca clinicamente manifesta, arritmias, doenças vasculares e tromboembólicas, doença pericárdica, hipertensão pulmonar e sistêmica.

Relato do Caso

Paciente aos 3 anos de vida diagnosticado com Leucemia Mielóide Aguda. Recebeu tratamento quimioterápico, com altas doses de antraciclina (dose acumulada de doxorrubicina de 342 mg/m2). Fez seguimento evolutivo, com avaliação inicial prévia ao início do tratamento oncológico. Ao término do tratamento, com 5 anos, apresentou Cardiotoxicidade Tardia Precoce, com queda de 20% da fração de ejeção do ventrículo esquerdo em relação ao basal (FEVE = 51%). Introduzido terapêutica para insuficiência cardíaca congestiva, evoluindo com 3 choques cardiogênicos, manejo medicamentoso difícil pela labilidade clínica. Encaminhado para um centro de referência em insuficiência cardíaca e transplante cardíaco pediátrico, com necessidade de internação por choque cardiogênico refratário a drogas vasoativas. Aos 15 anos, 10 anos após final do tratamento quimioterápico, foi submetido a transplante cardíaco, com excelente evolução clínica.

Figura 1. Rx tórax (frente), evidenciando cardiomegalia.
Figura 2. Imagem ecocardiográfica, apical 4 câmaras, com dilatação das cavidades cardíacas esquerdas.
Figura 3: Peça anatômica após transplante cardíaco. 
Figura 4. Hematoxilina-eosina. A- Fibrose miocárdica intersticial. B- Miocardite em atividade discretaFigura 1. Rx tórax (frente), evidenciando cardiomegalia Figura 2. Imagem ecocardiográfica, apical 4 câmaras, com dilatação das cavidades cardíacas esquerdas.Figura 3: Peça anatômica após transplante cardíaco. Figura 4. Hematoxilina-eosina. A- Fibrose miocárdica intersticial. B- Miocardite em atividade discreta

Conclusões

Acompanhamento cardiovascular evolutivo desses pacientes com avaliação clínica, métodos de imagem multimodais não invasivos, eletrocardiograma e biomarcadores específicos é muito importante para detecção precoce das principais complicações cardíacas. Assim, quando não for possível evitar a evolução de insuficiência cardíaca por dano miocárdico irreversível secundário ao tratamento oncológico, pode-se diagnosticar a injúria miocárdica e estabelecer a melhor terapêutica para uma condução assertiva e evolução satisfatória.

Área

Relato de caso

Instituições

IOP / GRAACC / UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

Allana Andrade Lobo, Bruna Clemenc Esteves Cezar, Thaiza Rodrigues Noronha, Ana Virgínia Lopes de Souza, Adailson Wagner da Silva Siqueira, Estela Azeka, Lea M M F Demarchi, Claudia Cosentino Gallafrio