27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Endocardite fúngica fulminante em paciente com Leucemia Linfóide Aguda

Introdução e/ou Fundamentos

Endocardite fúngica tem grave morbimortalidade, correspondendo a apenas 1,3 - 6% de todas as endocardites. Na faixa etária pediátrica, tem 2 picos de incidência: menores de 4 anos e entre 10 e 16 anos. Principais fatores de risco são uso de cateteres de longa permanência; neutropenia grave e prolongada; terapia com glicocorticóides; uso de imunossupressores. A maioria dos fatores de risco estão presentes dentro da população oncológica pediáttrica, sendo de fundamental importância o diagnóstico precoce para melhor prognóstico desses pacientes.

Relato do Caso

Criança de 10 anos, com diagnóstico de Leucemia Linfóide Aguda, sem outras comorbidades.  Passagem de cateter de longa permanência em fevereiro/22. Após 20 dias, internada com queda do estado geral, neutropenia e taquicardia. Com a persistência do quadro de febre, culturas foram coletadas, evidenciado crescimento de leveduras - Candida parapsilosis. Iniciado Anfotericina e realizado ecocardiograma com imagem sugestiva de vegetação no cateter venoso central. Optado por troca de cateter devido infecção fúngica em corrente sanguínea e neutropenia prolongada. Após troca de cateter, evoluiu com instabilidade hemodinâmica, choque séptico refratário e disfunção de múltiplos órgãos. Três dias após a troca do cateter, novo ecocardiograma evidenciando disfunção sistólica discreta do ventrículo esquerdo e imagem filamentar aderida ao novo cateter. Manteve-se instável hemodinamicamente, evoluindo com piora da função ventricular e imagens sugestivas de endocardite disseminadas tanto no átrio direito como na valva tricúspide, em menos de 1 semana do primeiro ecocardiograma. Clinicamente com sinais de embolia séptica, instável hemodinamicamente, sem condições de ser submetida à cirurgia para ressecção das lesões vegetativas fúngicas. Evoluiu a óbito em menos de 20 dias da admissão. 

Conclusões

Apesar de ser rara, endocardite fúngica deve ser suspeitada dentro da população oncológica pediátrica em tratamento. Esse caso demonstra a gravidade da infecção fúngica, sendo mandatória a pesquisa de sinais clínicos e ecocardiográficos de endocardite nesses pacientes, visto que o diagnóstico precoce e uma estratégia de tratamento agressivo é necessária. O reparo cirúrgico das valvas infectadas é mandatória (Classe I de indicação) em quase todos os pacientes com endocardite fúngica e agentes fungicidas devem ser iniciados o quanto antes.

Área

Relato de caso

Autores

Allana Andrade Lobo, Bruna Clemenc Esteves Cezar, Thaiza Rodrigues Noronha, Ana Virgínia Lopes de Souza, Fabianne Altruda de Moraes Carlesse, Dafne Cardoso Bourguignon da Silva, Claudia Consentino Gallafrio