Dados do Trabalho

Título

Observações clínicas e epidemiológicas das miocardites e pericardites na Síndrome Inflamatória Multissistêmica (SIM-P) e na COVID19 em crianças.

Introdução e/ou Fundamentos

Miocardites e pericardites são complicações descritas na Síndrome Inflamatória Multissistêmica (SIM-P) e COVID19 em crianças. A caracterização e avaliação do envolvimento miocárdico e pericárdico deve ser realizada em todos os pacientes que satisfaçam os critérios SIM-P da OMS. Este trabalho tem por objetivo descrever as alterações cardiovasculres  de uma coorte de crianças com diagnóstico de SIM-P.

Métodos

Coorte prospectiva de pacientes pediatricos internados em um unico centro, com diagnostico de SimP e/ou covid19 aguda, durante o período pandemico de março de 2020 até o momento. Foram anotados os dados clínicos e epidemiológicos. As variáveis analisadas foram idade, presença de miocardite e/ou pericardite, as alterações eletro e ecocardigraficas, dosagem de biomarcadores e utilização de corticoide e/ou IVIG. (CAEE: 58056516.0.0000.5264)

Resultados e Conclusões

Apresentamos dados de um único centro de 36 crianças, das quais 58,2% apresentavam miocardite e 8,3% pericardite, sendo a maioria do sexo masculino (78,9%) com idade média 3,4 anos. A unidade de terapia intensiva foi necessária para 58,3% e 19,4% utilizaram inotrópicos. Imunoglobulina intravenosa foi administrada em 94,4% com corticoterapia adjuvante em 100%. Um NT-proBNP elevado mostrou uma correlação positiva com a ressonância cardíaca (RMC) (p=0,001) a despeito de uma troponina negativa. Apenas dois pacientes (5,5%) apresentaram choque cardiogênico na admissão. O ECG foi uma ferramenta relevante na sala de emergência: intervalo ST supra, fragmentação QRS e intervalo PR infra foi descrito em 84,2% dos 19 pacientes acometidos. Apenas 11% apresentavam alterações ecocardiográficas (aneurisma de artéria coronária - AAC (2), derrame pericárdico (2) e disfunção do ventrículo esquerdo). Edema foi o achado mais comum na RMC (84,2%), realce tardio e derrame pericárdico em 26,3%. As bases anterior, lateral e inferior foram os segmentos de parede mais acometidos (68,4%). A miocardite aguda e a pericardite são o comprometimento cardíaco mais comum em pacientes com SIM-P. Apesar de sua semelhança com a doença de Kawasaki, em nossos dados, apenas dois pacientes apresentavam AAC e ambos apresentavam edema demonstrado na RMC. Esta coorte unicêntrica mostra a relevância da realização de registros epidemiológicos para o conhecimento e compreensão da inflamação miocárdica e pericárdica e sua singularidade.

 

Palavras Chave

miocardite, pericardite, índrome inflamatória multissistêmica, covid-19

Área

Cardiologia clínica