27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Aneurisma de veia Galeno em recém-nascido: relato de caso

Introdução e/ou Fundamentos

A má-formação aneurismática da veia de galeno (MAVG) é uma anomalia congênita rara, que contabiliza cerca menos de 1% das má-formações congênitas cerebrais, porém, corresponde a 30% em idade pediátrica.

Relato do Caso

Recém-nascido (RN) a termo, peso de nascimento de 3320g, apresentou bradipneia e hipotonia no primeiro minuto de vida, APGAR (1'05/5'08). Auscultado sopro sistólico moderado em sala de parto. Encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva Neonatal em suporte ventilatório não invasivo (VNI). Radiografia de tórax demonstrou cardiomegalia. Ecocardiograma transtorácico detectou Comunicação interatrial tipo ostium secundum, sinais de Insuficiência Cardíaca direita, dilatação importante de câmaras direitas e Hipertensão Pulmonar (HP), com pressão sistólica estimada em artéria pulmonar (PSAP) de 91mmHg. Permaneceu em VNI por 7 dias com a hipótese de HP persistente do RN. Iniciada antibioticoterapia com suspeita de sepse neonatal precoce. Evoluiu, porém, com piora do desconforto respiratório sendo necessária intubação orotraqueal e ventilação mecânica invasiva. Repetido ecocardiograma transtorácico com detecção de uma PSAP estimada de 107mmHg. Iniciado Milrinona e Sildenafil, pela indisponibilidade de óxido nítrico. RN evoluiu com pouca melhora, com exames semanais com PSAP entre 82-98mmHg. Durante todo tempo de ventilação mecânica, instituída sedação contínua. No 22° dia de vida: ultrassom transfontanela detectou hidrocefalia. Tomografia computadorizada de crânio: volumoso aneurisma da Veia de Galeno, comprimindo o III ventrículo e promovendo moderada dilatação do sistema ventricular supra tentorial. RN transferido para tromboembolização em serviço de referência.

Conclusões

No neonato a forma mais comum de MAVG é a cardíaca, especialmente Insuficiência cardíaca , o desvio de sangue através da fístula arteriovenosa cerebral, maior que 25% do débito cardíaco, leva a sobrecarga cardíaca. O diagnóstico é cada vez mais feito antes do parto com o aumento da disponibilidade de ultrassonografia pré-natal, porém, nesse caso foi feito após o parto, o que pode piorar o prognóstico. A MAVG possui alta morbimortalidade: 100% mortalidade sem tratamento e 90% com cirurgia. O advento da embolização melhorou o prognóstico: óbito em 10.6% dos casos e com 74% dos sobreviventes com desenvolvimento normal. A MAVG se constitui uma má-formação grave e com alta morbimortalidade. Uma investigação mais profunda pode revelar má-formações raras, possibilitando pronto tratamento e maior chance de sobrevida.

Área

Relato de caso

Autores

Rodrigo Braga Lopes, Eduane Freitas Mendonça, Francine Aparecida Messias, Taiza Brito Barbosa Azevedo