27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO DAS CARDIOMIOPATIAS ASSOCIADAS A TRANSPLANTES CARDÍACOS PEDIÁTRICOS

Introdução e/ou Fundamentos

De acordo com guideline publicado pela “American College of Medical Genetics and Genomic” em 2018 as bases genéticas da cardiomiopatia dilatada, principal causa de transplante cardíaco pediátrico, podem ser identificadas em aproximadamente 25-40% das vezes. Entretanto, muito pouco se sabe a respeito das variantes patogênicas responsáveis pelo transplante cardíaco pediátrico em nosso meio.

Métodos

Nove pacientes transplantados do coração em centro de referência de cardiologia e cirurgia cardíaca pediatria foram submetidos ao sequenciamento genético de nova geração (NGS) com um painel contendo 119 genes relacionados a cardiomiopatias. As variantes genéticas foram classificadas como: patogênicas, provavelmente patogênicas ou de significado indeterminado (VUS), de acordo com a American College of Medical Genetics.

Resultados e Conclusões

Nove pacientes foram incluídos no estudo, 66% meninos, a idade média ao diagnóstico era de 47 meses. Desses, oito tinham diagnóstico de cardiomiopatia dilatada e um de cardiomiopatia hipertrófica e restritiva. Foi possível chegar ao diagnóstico molecular em três pacientes, dois com cardiomiopatia dilatada e um com cardiomiopatia hipertrófica e restritiva (Tabela 1). Dos pacientes resolvidos com cardiomiopatia dilatada foram: um com variante provavelmente patogênica de novo no DSP (c.1696G>A; p.Ala766Thr), um com variante provavelmente patogênica no MYH6 (c.4369G>A; p.Glu1457Lys) (Figura 1 e 2). O paciente com cardiomiopatia hipertrófica e restritiva apresentou duas variantes bi-alélicas provavelmente patogênicas no MYL3 (c.460C>T; p.Arg154Cys + c.157+1G>A) (Figura 3). Os seis  pacientes restantes apresentaram VUS em 16 diferentes genes (Tabela 2). Além disso, em uma paciente com VUS em CACNA1D foi encontrado também uma variante patogênica no TTR relacionado com amiloidose familiar associada a transtirretina. Como o quadro clínico e histológico não foram compatíveis com amiloidose, e dado a idade muito jovem da paciente, consideramos essa variante como não sendo relacionada ao quadro. A base genética das cardiomiopatias das crianças submetidas ao transplante cardíaco é muito variada. NGS associado ao estudo familiar possibilitou a identificação dos genes responsáveis pela cardiomiopatia em um terço dos casos. De fato, há provavelmente grande variabilidade de genes causadores de cardiomiopatia de mal prognóstico e nossa amostra sugere a necessidade de se testar de forma ampla grande quantidade de genes nesses pacientes. 

Área

Cardiologia clínica

Instituições

CardioPedBrasil - Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto - São Paulo - Brasil

Autores

Lys Molina Hernandes Estephan, Gabriela Guimarães Baston, Raquel Cristina Valeriano, Bianca Alves Maia Barciela, Natália Buzzo, Alexandra Regina Siscar Barufi, Charles Marques Lourenço, Carlos Henrique de Marchi, Ulisses Alexandre Croti