Dados do Trabalho

Título

TRATAMENTO PERCUTÂNEO DE ESTENOSE EXTRÍNSECA DO TRONCO DA ARTÉRIA CORONÁRIA ESQUERDA EM RARO CASO DE ORIGEM ANÔMALA CORONARIANA

Introdução e/ou Fundamentos

Anomalias congênitas das artérias coronárias estão presentes em menos de 1% dos nascimentos e representam desafio diagnóstico, já que a caracterização de sintomas isquêmicos é díficil na população pediátrica. Este trabalho relata caso incomum de origem do tronco da coronária esquerda (TCE) a partir do seio coronariano direito com trajeto interarterial.

Relato do Caso

Menino, 12 anos, com episódios recorrentes de síncope aos esforços desde os 5 anos, com avaliação prévia em serviço de cardiologia pediátrica, com ecocardiograma, holter 24 horas e tilt test normais. Realizou tratamento para epilepsia por 3 anos, descontinuado após afastada causa neurológica e ausência de resolução dos sintomas. Encaminhado ao serviço de cardiologia pediátrica após apresentar episódio de síncope ao esforço precedida por forte dor torácica, associada a eletrocardiograma com isquemia de parede ântero-lateral, alteração de marcadores bioquímicos de lesão isquêmica miocárdica e angiotomografia de coronárias evidenciando origem anômala do TCE a partir do seio coronariano direito com trajeto interarterial. Complementou investigação com angiocoronariografia diagnóstica, que confirmou a origem anômala coronariana e identificou estenose do TCE com redução de 80% do calibre do vaso na sístole, relacionada a compressão extrínseca. Ponderado tratamento percutâneo versus cirurgia de revascularização miocárdica (CRM), sendo optado por angioplastia coronariana com implante de stent farmacológico no TCE, procedimento realizado com sucesso e ótimo resultado, sem evidência de estenose residual a curto-médio prazo.

Conclusões

A suspeita clínica das anomalias coronarianas deve ser aventada diante de angina, síncope aos esforços, sinais isquêmicos e morte súbita. O diagnóstico pode ser estabelecido através da ecocardiografia, porém a avaliação por esse método é limitada. Angiotomografia de coronárias, angiorressonância magnética cardíaca e angiografia tradicional são as modalidades que melhor caracterizam a anatomia coronariana. O implante de stent intracoronário é uma alternativa terapêutica, porém seu uso deve ser individualizado em crianças devido ao crescimento corporal. No caso apresentado, houve dificuldade de escolha terapêutica em vista da localização da lesão coronariana e idade do paciente, por isso, foi optado por implante de stent coronariano com plano posterior de CRM na vida adulta. Atualmente, paciente encontra-se estável, realizando atividades físicas recreativas sem sintomas cardiovasculares.