Dados do Trabalho
Título
VALVOPLASTIA AÓRTICA PERCUTÂNEA EM FETO PORTADOR DE ESTENOSE AÓRTICA CRÍTICA
Introdução e/ou Fundamentos
A estenose valvar aórtica crítica (EVAC) é uma cardiopatia congênita grave que, muitas vezes, necessita de terapêutica precoce, incluindo procedimentos intra-uterinos, com o intuito de oferecer mais chances de adaptar a oferta sanguínea ao miocárdio em desenvolvimento. Esse trabalho objetiva relatar o primeiro caso de valvoplastia aórtica percutânea fetal realizada em serviço terciário de referência em medicina fetal.
Relato do Caso
Paciente de 25 anos, idade gestacional de 32 semanas, com diagnóstico fetal de EVAC associada a insuficiência mitral severa, dilatação de cavidades cardíacas esquerdas e derrame pericárdico, internada em centro obstétrico devido a cardiopatia fetal grave com indicação de valvoplastia aórtica fetal. O procedimento fetal, o primeiro realizado em nossa instituição, foi guiado por ecodopplercardiograma e efetuada dilatação valvar com balão com sucesso. Ecodopplercardiograma de controle após procedimento mostrou fluxo anterógrado pela valva aórtica, ausência de fluxo reverso em arco aórtico, sem derrame pericárdico significativo. Paciente retornou para revisão duas semanas após, com ecodopplercardiograma de controle sem sinais de hidropsia fetal, aumento significativo da velocidade de tempo integral (VTI) valvar aórtica, regurgitação mitral moderada associada a átrio esquerdo (AE) com pequena redução de tamanho em relação ao exame pré-procedimento.
Conclusões
Procedimentos intrauterinos fetais não são isentos de riscos, podendo levar à rotura prematura de membranas, infecção, hemorragia, trabalho de parto prematuro e óbito fetal. Ainda persistem dúvidas quanto ao momento ideal para realização da intervenção, sendo recomendado atualmente o período entre a 22ª e a 30ª semanas gestacionais. A principal hipótese que suporta a iniciativa deste procedimento é a de que, aliviando-se a via de saída do VE, reduz-se o processo evolutivo do dano miocárdico, facilitando o crescimento desta câmara e melhorando sua função. No caso apresentado, o feto era portador de EVAC com insuficiência mitral maciça associada a AE de tamanho muito aumentado, sendo esse subgrupo associado a hidropsia fetal na maior parte dos casos. Paciente retornou para sua cidade natal e apresentou trabalho de parto prematuro, tendo nascido em hospital regional sem as condições adequadas para o suporte do recém nascido, evoluindo a óbito antes da transferência a centro especializado.
Área
Relato de caso
Autores
Júlia Merladete Fraga, Adriane Mara Lima, Milena Bancer Gabe, Tulio Enrique Carriazo Galindo, Carlo Benatti Pilla, Livia da Rosa Pauletto, Andrea Tomasi Sutil, Talita Micheletti Helfer, Marcelo Brandão da Silva