27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Trauma Cardíaco Pediátrico: Relato de caso

Introdução e/ou Fundamentos

O trauma é causa comum de morbimortalidade pediátrica, sendo o torácico a segunda causa mais comum de morte relacionada ao trauma, estando presente em 4% a 8% das crianças feridas. Pode resultar em uma variedade de lesões cardíacas, desde contusão miocárdica clinicamente insignificante a laceração ou ruptura fatal.

Relato do Caso

Masculino, 7anos, portador de Distrofia Muscular de Duchenne. Refere quadro de vômitos associados a sonolência há 1 dia. Na admissão, bradicárdico (frequência cardíaca entre 60e70bpm), hipertenso (pressão arterial entre 130x80 a 140-90mmHg) e sonolento, tempo de enchimento capilar de 3 segundos, extremidades frias e pulsos periféricos finos. Feito expansão volêmica, eletrocardiograma (ECG) e exames laboratoriais e de imagem incluindo tomografia de crânio para investigação de hipertensão intracraniana. ECG: supradesnivelamento de ST (SST) em V1-V2 e V3 e aumento de enzimas cardíacas, musculares e hepáticas (CKMB: 2.010, CPK: 55.396, Troponina: 99.110, D-dímero: 1046, TGP: 1239, TGO: 1389). Realizado ecocardiograma (ECO), não visualizado alterações de coronárias, com fração de ejeção (FE) 40%, derrame pericárdico laminar.  Solicitado Cintilografia Miocárdica com Gálio 67, agendado posteriormente. Evolui com melhora clínica e laboratorial (2 dias após: Troponina: 2883, CPK: 4853, CKMB: 154, TGO: 228, TGP: 674). Realizado novo ECO com FE 50% e boa contratilidade. ECG mantendo SST em V1-V2 e V3, porém de menor amplitude. Suspeitado de lesão cardíaca aguda, de provável etiologia viral. Antecedente no prontuário de CPK entre 4853 e 18632 e CKMB de 180 a 1039 porém último ECO de 2019 normal. Antes da alta hospitalar, mãe refere história não relada anteriormente por insegurança, que 2 dias antes do início do quadro atual, paciente havia recebido 2 socos pela irmã de 14 anos, de forte intensidade no tórax. Considerando evolução benigna da criança e quadro atual secundário ao trauma cardíaco, paciente recebe alta com seguimento da evolução cardíaca relacionada ao trauma.  

Conclusões

O trauma cardíaco pediátrico é um tipo raro de lesão com alta mortalidade intra-hospitalar. As crianças mais frequentemente apresentam contusão cardíaca, sendo a contusão pulmonar o trauma concomitante mais associado. ECO é importante na identificação do trauma cardíaco, enquanto a tomografia computadorizada é mais útil na detecção lesões concomitantes. O tratamento da contusão cardíaca geralmente é conservador, enquanto pacientes com lesões mais graves podem necessitar de reparo cirúrgico.  

Área

Relato de caso

Autores

Kissila Silva Pereira, Juliana Rodrigues Ortiz, Rossano César Bonatto, José Roberto Fioretto, Joelma Gonçalves Martin, Fábio Joly Campos, Marina Bortoni, Jairon Carvalho Moura, Haroldo Teófilo de Carvalho, Marcos Aurélio de Moraes