Dados do Trabalho

Título

Correção cirúrgica de cardiopatia congênita como tratamento eficaz para melhora de doença pulmonar subjacente.

Introdução e/ou Fundamentos

As cardiopatias congênitas que cursam com hiperfluxo pulmonar podem se apresentar com grande morbidade quando associadas a comorbidades pré-existentes, sendo na maioria das vezes indicada sua correção precoce para uma melhora da qualidade de vida. Uma grande comunicação interatrial (CIA) pode cursar com hiperfluxo pulmonar marcante e insuficiência cardíaca (IC), demandando um alto gasto energético. A displasia broncopulmonar (DPB) é condição que modifica a estrutura pulmonar em geral, podendo gerar dificuldade no desenvolvimento e função pulmonar. Quando essas alterações estão presentes em conjunto nos bebês prematuros extremos e com extremo baixo peso ao nascer (EBPN), o desenvolvimento em geral se torna acentuadamente prejudicado. 

Relato do Caso

Paciente de 2 anos e 7 meses, 9 kg, nascida de 25 semanas com EBPN, anóxia neonatal e internamento neonatal prolongado com desenvolvimento de DPB (62 dias em uso de oxigênio). Evidenciada CIA tipo óstium secundum de 11 mm, dilatação de ramos pulmonares, aumento de cavidades direitas, refluxo tricúspide moderado e pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) estimada em 55mmhg. A paciente apresentava clínica de IC e dependência de oxigênio, sendo tratada clinicamente inicialmente. Persistiu com necessidade de uso de oxigênio. Os achados ecocardiográficos subsequentes se mantiveram semelhantes ao primeiro descrito. Ao longo do seguimento, foi iniciada investigação para glicogenose intersticial pulmonar por achados tomográficos compatíveis com tal doença. Foi indicada correção cirúrgica da cardiopatia congênita, sendo realizada uma atriosseptoplastia parcial com plastia de valva tricúspide e excisão de segmentos pulmonares para análise histopatológica. Após o ato cirúrgico, paciente evoluiu bem com melhora dos sintomas e desmame efetivo do uso de oxigênio suplementar, apresentando ecocardiograficamente uma CIA residual de 4,8mm, câmaras normais e PSAP de 20mmHg.

Conclusões

A correção precoce da CIA no contexto desta paciente propiciou a diminuição do hiperfluxo pulmonar, contribuindo para a melhora sintomática e o cessar dos danos pulmonares decorrentes da cardiopatia, bem como diminuição da PSAP. Isso fez que houvesse melhora sintomática e, no momento, ausência de piora da doença pulmonar, resultando em diminuição da necessidade de internamentos, de terapias medicamentosas e suspensão de suporte de oxigênio, gerando assim uma melhor qualidade de vida à criança.