Dados do Trabalho

Título

Choque cardiogênico secundário a miocardite por adenovírus em paciente pediátrica: relato de caso

Introdução e/ou Fundamentos

A miocardite é uma inflamação do músculo cardíaco, geralmente de etiologia viral, que pode levar a graves complicações. Este relato tem como objetivo descrever um caso de choque cardiogênico secundário à miocardite causada por adenovírus em paciente pediátrica.

Relato do Caso

Paciente de 9 anos e 10 meses, previamente hígida, chega ao pronto atendimento com história de amigdalite e febre tratada com azitromicina. Manteve febre diária e evoluiu com deterioração do quadro clínico apresentando cefaléia e dor abdominal. Posteriormente associou vômitos, dor torácica, dispnéia, agitação, sonolência, sudorese, palidez cutânea e parestesia em membro superior esquerdo. Procurou atendimento hospitalar por piora do estado geral, evoluiu com hipotensão, perfusão inadequada e extremidades frias, sendo necessário administrar adrenalina em infusão contínua associada à antimicrobianos por impressão de choque séptico. Transferida para centro de referência, foi admitida na emergência e levada para unidade de terapia intensiva pediátrica para monitorização e manejo. Apresentou distúrbio de ritmo cardíaco com momentos de bloqueio atrioventricular total e repercussão hemodinâmica, necessitando de drogas vasoativas por choque cardiogênico. Devido à suspeita clínica de vasculite ou miocardite, realizou-se tratamento empírico com imunoglobulina e metilprednisolona. O ecocardiograma constatou sinais de miocardite, disfunção contrátil de ventrículo esquerdo e insuficiência valvar leve. Além disso, um exame de Holter apontou para extrassístoles ventriculares monomórficas isoladas, transtorno de condução interventricular com períodos frequentes de bloqueio completo de ramo esquerdo alternando com bloqueio de ramo direito e um episódio de bloqueio atrioventricular avançado com condução 5:1. Exames laboratoriais para investigação causal resultaram positivo para adenovírus, portanto o provável agente da miocardite frente aos outros exames laboratoriais negativos. Ao longo dos dias a paciente ficou hemodinamicamente estável e melhorou clinicamente, sendo liberada para a internação e alta hospitalar com acompanhamento cardiológico ambulatorial.

Conclusões

Devido ao amplo espectro de manifestações clínicas e complicações, o diagnóstico, abordagem terapêutica e seguimento da miocardite são desafiadores. Assim, o caso relatado é relevante para as áreas da cardiologia e pediatria porquanto pode elucidar o diagnóstico e manejo dessa patologia visando sucesso terapêutico e resolução do quadro clínico.