27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Colite com perfuração intestinal como complicação de cirurgia cardíaca pediátrica por infecção por citomegalovírus

Introdução e/ou Fundamentos

A infecção por citomegalovírus é uma importante causa de morbidade no pós-operatório de cirurgia cardíaca na faixa etária pediátrica, bastante conhecida nos pacientes em pós-operatório de transplante cardíaco. Não há dados de prevalência disponíveis na literatura para cirurgias de cardiopatias congênitas.Os poucos relatos de casos de pacientes sintomáticos encontrados não citam acometimento gastrointestinal. 

Relato do Caso

Descrevemos dois casos de pacientes com cardiopatia congênita, submetidos à cirurgia cardíaca em um serviço terciário de Natal/RN, que evoluíram com enterocolite e perfuração intestinal, com necessidade de laparotomia exploradora. Em ambos os casos houve positividade para citomegalovírus na pesquisa de PCR na urina. Resultados: O caso 1 trata de paciente masculino, 3 meses de idade, com diagnóstico de atresia pulmonar, submetido a cirurgia de Blalock sem circulação extracorpórea (CEC) que evoluiu no 3 dia de pós-operatório com distensão abdominal, sangramento digestivo e plaquetopenia. A tomografia de abdome mostrou perfuração intestinal, sendo submetido a colectomia parcial de cólon ascendente por dupla perfuração e anastomose término-terminal. Iniciado ganciclovir. Permaneceu com positividade para citomegalovírus no PCR urinário por 3 meses após o início do tratamento. Realizou cirurgia de Glenn com um ano de idade, tendo apresentado rash e febre no pós-operatório, novamente com positividade para CMV. Optado por observação clínica, não sendo iniciado antiviral. Evoluiu bem. O caso 2 trata de paciente feminino, com diagnóstico de tetralogia de Fallot que realizou cirurgia de correção total com um ano de idade. Evoluiu no 3 dia de pós-operatório com piora infecciosa, leucopenia e plaquetopenia. No 10 dia foi diagnosticada enterocolite com perfuração intestinal, sendo submetida a colectomia parcial com anastomose boca a boca. PCR na urina para CMV foi positivo em altos títulos. Iniciado ganciclovir com melhora clínica e hematológica, tendo negativado o PCR na urina.

Conclusões

Para o nosso conhecimento existe hoje apenas um relato de caso publicado em 2012 sobre infecção disseminada por CMV pós cirurgia cardíaca que não envolve acometimento abdominal. A suspeita deve ser considerada em todo caso de quadro abdominal atípico nestes pacientes, especialmente em associação com alterações hematológicas típicas como plaquetopenia. 

Área

Relato de caso

Autores

RAIMUNDO FRANCISCO AMORIM, MELINA BARROS, INGRID ULIANA, MELINA DE LIMA, MAYRA MOREIRA, JOYCE ELLEN SILVA, CRISTIANE ALMEIDA, LETICIA LOPES, CATARINA PAIVA, LUIZ EDUARDO MENEZES