27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Associação de digoxina no tratamento de taquicardia supraventricular de difícil controle em neonatos: série de casos

Introdução e/ou Fundamentos

Taquicardia supraventricular (TSV) é a arritmia sustentada mais comum em crianças, se apresenta com maior frequência nos primeiros 2 meses de vida e pode cursar com taquicardiomiopatia e insuficiência cardíaca. O tratamento da TSV inclui medidas para estabilização cardiopulmonar; manobras vagais e adenosina em pacientes estáveis e cardioversão elétrica sincronizada em pacientes instáveis. Em alguns casos, medicações antiarrítmicas são necessárias para que se obtenha retorno ao ritmo sinusal (RS) e manutenção do mesmo e inclui uso de amiodarona, betabloqueadores e/ou digoxina, mas a escolha da medicação pode ser desafiadora no período neonatal. A digoxina tem aplicação para controle de frequência ventricular em pacientes com TSV, pois diminui a condução atrioventricular e prolonga sua refratariedade. Tem um estreito índice terapêutico e toxicidades potencialmente graves, com particularidades de posologia para essa faixa etária, entretanto com possibilidade de controle de nível sérico, o que reduz a chance de intoxicação e a torna ferramenta terapêutica útil. Fatores que impactam o clearance da digoxina incluem idade gestacional, peso, gênero, função renal, interações medicamentosas, presença de edema, insuficiência cardíaca e distúrbios hidroeletrolíticos. Descrevemos 4 casos de pacientes no período neonatal com diagnóstico de TSV refratária ao tratamento com amiodarona e betabloqueadores, com boa resposta à terapêutica após associação de digoxina.

Relato do Caso

4 neonatos do sexo masculino, com diagnóstico de TSV, instabilidade hemodinâmica e necessidade de suporte com drogas vasoativas. Receberam tratamento com amiodarona e betabloqueador sem reversão ou manutenção de RS, evoluindo com controle de ritmo após introdução de digoxina. Todos apresentaram nível sérico de digoxina acima do nível terapêutico preconizado, com melhora após ajuste da dose. Três tiveram boa evolução com alta hospitalar e um apresentou controle da arritmia, mantendo-se internado por complicações abdominais.

Conclusões

Embora o uso de digoxina seja desafiador na prática clínica, seu uso pode ser benéfico no tratamento de taquicardias supraventriculares de difícil controle no período neonatal. 

Área

Relato de caso

Autores

Maria Julia Aro Braz Corbi, Stephanie Ondracek Lemouche, Alberto Pereira Ferraz, Paula Vieira Vincenzi Gaiolla, Ana Cristina Sayuri Tanaka, Nana Miura Ikari, Maurício Ibrahim Scanavacca, Sissy Lara Melo