27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Ablação por cateter em flutter atrial neonatal: relato de caso

Introdução e/ou Fundamentos

Flutter atrial (FLA) é a arritmia fetal nó atrioventricular-independente mais comum, frequentemente associada a malformações congênitas e pior prognóstico comparado a outras taquicardias. Cardioversão elétrica (CVE) parece ser a terapia mais efetiva na reversão para ritmo sinusal, e a manutenção de antiarrítmicos em geral não é necessária. Relata-se caso clínico de uma recém-nascida com FLA refratário à terapia medicamentosa e CVE, tratada com ablação por cateter com sucesso - terapêutica pouco descrita e abordada na literatura médica nesta faixa etária.

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino teve FLA diagnosticado intraútero, com condução atrioventricular 1:1. Durante a gestação, digoxina e sotalol foram utilizados pela mãe sem sucesso para controle de ritmo. Ao nascimento por cesárea, com 36 semanas e 6 dias de gestação, a recém-nascida apresentava FLA com condução atrioventricular 2:1, com frequência ventricular de 220 batimentos por minuto. Ecocardiografia revelou comunicação interatrial (CIA) tipo ostium secundum de 8mm, sem repercussão hemodinâmica. Recebeu duas tentativas de CVE, com reversão temporária para ritmo sinusal, além de propranolol e amiodarona, sem sucesso nos controles de ritmo e frequência cardíaca. Aos 20 dias de vida, foi procedida à ablação do istmo cavotricuspídeo, guiada por mapeamento tridimensional com sistema EnSite Precision (Abbott Inc, St Paul, MN) (figura 1). Realizada reconstrução da geometria e mapa de ativação com cateter de ablação 5fr, inserido através da veia femoral esquerda (figura 2). Evidenciado FLA típico com intervalo pós estimulação menor à direita (átrio esquerdo estimulado através da CIA). Realizada ablação com sucesso, com gerador de radiofrequência em 10watts e 55ºC com retorno para ritmo sinusal. Tempo total de procedimento foi de 110min, com 7min e 21s de fluoroscopia, e dose total de radiação ionizante de 26.08mGy. Paciente recebeu alta hospitalar 4 dias após.

Conclusões

Há poucos relatos de ablação por cateter em FLA neonatal, e o caso apresentado  demonstra a viabilidade dessa terapia. Apesar do sucesso obtido, mais estudos são necessários para definição de segurança e técnicas adequadas neste grupo de pacientes.

Área

Relato de caso

Instituições

Instituto de Cardiologia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Tiago Luiz Luz Leiria, Luiz Henrique Soares Nicoloso, Stephanie Schäfer, Israel Wolski Cabral, Gustavo Glotz de Lima, Marcelo Lapa Kruse, Raul Ivo Rossi Filho, Paulo Zielinsky