27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Derrame pericárdico associado à apresentação atípica de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pós-COVID

Introdução e/ou Fundamentos

A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pós-COVID (MISC-P) em crianças é uma condição rara mas potencialmente grave, observada em pacientes que apresentaram COVID-19 de 3 a 6 semanas antes do quadro. Os sinais e sintomas comuns incluem febre persistente, hiperinflamação sistêmica, sintomas gastrointestinais e disfunção cardiovascular, associados a formas graves de apresentação com maior incidência de hipotensão e/ou choque. Relatamos o caso de paciente pediátrica que apresentou MISC-P de forma atípica, com meningite, artrite e poliserosite, incluindo derrame pericárdico.

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, 11 anos, previamente hígida, iniciou quadro de febre diária prolongada associada à cefaleia de forte intensidade e evoluiu com toxemia. Procurou pronto-atendimento, onde exames laboratoriais evidenciaram elevação de dímero-D e provas inflamatórias. Optado por proceder à coleta de líquor, o qual apresentou celularidade discretamente aumentada. Ecocardiograma de admissão evidenciou derrame pericárdico discreto e a radiografia de tórax derrame pleural discreto bilateral. Realizado tratamento para meningite, porém paciente não apresentou melhora. Evoluiu durante internação com dor e edema em joelhos, derrame articular à ultrassonografia. Possuía sorologia (IgG) positiva para COVID e histórico de contaminação 45 dias antes do início dos sintomas relatados. Afastadas as suspeitas diagnósticas de doenças reumatológicas e neoplásicas, aventou-se o diagnóstico de MISC-P com apresentação atípica. Como tratamento, paciente recebeu imunoglobilina humana. Como efeito colateral, evoluiu com lesão pulmonar aguda relacionada a transfusão (TRALI), com boa resposta ao uso de diurético endovenoso. Após imunoglobulina, manteve febre apesar da melhora dos exames laboratoriais, da artrite e do quadro de poliserosite. Optado então por pulsoterapia com metilprednisolona, com remissão da febre no segundo dia de tratamento, após 16 dias febril. Strain longitudinal global ao ecocardiograma permaneceu alterado, porém realizada ressonância magnética de coração, normal. Recebeu alta em uso de corticoide com programação de desmame, ácido acetilsalicílico e sintomáticos, sem sequelas ao seguimento.  

Conclusões

Com a alta incidência de COVID-19, a MISC-P é um diagnóstico diferencial a ser considerado nos casos de aparecimento de sinais e sintomas inespecíficos que sugiram doença subjacente de etiologia inflamatória, incluindo o sistema cardiovascular, devido à sua potencial gravidade e necessidade de tratamento precoce. 

Área

Relato de caso

Instituições

Hospital Sírio-Libanês - São Paulo - Brasil

Autores

Luiza Maia Pires, Mabelle Fragoso Souza, Maria Carolina Ximenes De Oliveira, Natasha Kelly Souza, Vivian Larissa Tenório Leite, Paula Hering, Carol Leticia Braga Quiroz, Nathália Macedo Mesquita Dragone, Larissa Furbino De Pinho Valentim, Vanessa Alves Guimarães Borges