27º Congresso Brasileiro de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Relato de 20 anos de experiência em transplante cardíaco pediátrico em um serviço de referência no Nordeste.

Introdução e/ou Fundamentos

Fundamentação teórica: O Transplante Cardíaco (TxC) é o tratamento de escolha para crianças com IC estágio D refratária a terapêutica clínico-cirúrgica. Apesar dos avanços significativos observados nas últimas décadas, problemas inerentes ao transplante, como baixa disponibilidade de órgãos, longa espera pelo procedimento, dificuldades na logística de captação, complicações relacionadas à imunossupressão, aumento de pacientes sensibilizados e em suporte circulatório mecânico são desafios diários enfrentados pelas equipes envolvidas com TxC. Objetivos: relatar a experiência de um Centro de referência no tratamento de cardiopatias congênitas e adquiridas na infância no Nordeste do Brasil em transplante cardíaco pediátrico.  

Métodos

Metodologia: estudo retrospectivo, observacional e descritivo, que avaliou o resultado de 73 pacientes submetidos ao transplante cardíaco entre o período de 2002 a 2022.

Resultados e Conclusões

Resultados:Foram realizados 73 transplantes, sendo 3 re-transplantes. A idade dos pacientes foi de 11,5 anos (3 meses a 22 anos) e a mediana de peso foi de 30 kg (3,8 kg a 69 kg). A maioria dos pacientes foi do sexo masculino (57,5 %). A indicação do transplante foi cardiomiopatia em 47 % dos pacientes e 46,5 %, cardiopatias congênitas. Dos casos de re-transplante, a indicação foi por disfunção do enxerto secundária a doença vascular do enxerto. O intervalo médio entre o primeiro e o segundo transplante foi de 4,6 anos. Ocorreram dois óbitos decorrentes de morte súbita e disfunção de múltiplos órgãos e sistemas, sendo que os 2 pacientes apresentaram problemas de adesão à imunossupressão. Quanto ao uso de assistência circulatória, 2 pacientes foram transplantados em uso de ECMO e 1 em uso de VAD, com 1 óbito no pós-operatório imediato. No período pós-operatório, 5 pacientes necessitaram de assistência circulatória com ECMO, por disfunção do enxerto, com 60% de sobrevida. O tempo médio de assistência foi de 5,2 dias (3 -20 dias). As principais complicações observadas foram rejeição, hipertensão arterial sistêmica e anemia. A sobrevida em 1 ano foi de 89 %. A principal causa de óbito foi rejeição precoce ou tardia. Neste período realizamos apenas 1 transplante duplo em um paciente com IRC e cardiopatia congênita complexa, com bom resultado. Conclusão: apesar dos desafios contínuos na realização e cuidado de crianças submetidas ao TxC, este continua como terapia de escolha em crianças com IC D, principalmente em centros que não dispõem de assistência circulatória de longo prazo.

Área

Cardiologia clínica

Instituições

Hospital de Messejana - Ceará - Brasil, Universidade de Fortaleza - Ceará - Brasil

Autores

Klebia Magalhães Pereira Castello Branco, Candice Torres de Melo Bezerra Cavalcante , Valdester Cavalcante Pinto Júnior , Isabelle Barbosa Pontes, Andrea Consuelo de Oliveira Teles, Isabel Cristina Leite Maia, Jeanne Araújo Bandeira Gomes, Marília Ramalho Castro e Silva Bezerra, Ronald Guedes Pompeu , Camila Mendes Fernandes