Dados do Trabalho
Título
Taquicardia fetal de difícil controle e sua evolução pós natal: relato de caso
Introdução e/ou Fundamentos
Taquicardia supraventricular (TSV) sustentada no feto é diagnosticada quando a condução atrioventricular (AV) é 1:1 com frequência cardíaca (FC) acima de 180 bpm. Apesar de rara, pode determinar insuficiência cardíaca, hidropisia, parto prematuro e aumento da morbimortalidade perinatal. O ecocardiograma fetal pode ajudar na diferenciação do seu mecanismo: intervalo VA curto, sugere taquicardia por reentrada nodal; intervalo VA longo, taquicardia por foco automático ou juncional reciprocante. O seu tratamento depende da idade gestacional (IG), do grau de comprometimento do feto, da condição clínica da mãe e do potencial risco materno. Relata-se um caso de taquicardia fetal de difícil controle sem reversão intraútero e seu seguimento pós natal.
Relato do Caso
O ecocardiograma fetal de gestante de 23 anos, GIPIA0, 28 semanas IG, sem comorbidades, demonstrou TSV com condução AV 1:1; FC de 254 bpm e intervalo VA longo. Iniciou tratamento transplacentário com digoxina ataque e manutenção. No 7º dia,iniciado sotalol transplacentário ( dose atingida=440mg/dia). O eletrocardiograma (ECG) materno demonstrou QTc prolongado, sendo necessário reduzir a dose de sotalol. Nasceu de parto cesáreo, com 37 semanas de gestação, PN=2388g, Apgar 9/9, com TSV. O ECG demonstrou TSV com QRS estreito e RP’ longo, com FC de 225 bpm. Tratada com adenosina, sem resposta. Após submetida a cardioversão elétrica sincronizada, com reversão temporária para ritmo sinusal. Manteve digoxina e associado propranolol, sem resposta adequada. Foi suspensa digoxina e associada ivabradina. No Holte permaneceu em TSV. No 15º dia de vida, acrescentado amiodarona ao esquema terapêutico com melhor controle. Alta hospitalar em boas condições, permanecendo em taquicardia. O ecocardiograma demonstrou sobrecarga ventricular esquerda discreta e função cardíaca limítrofe. Atualmente com amiodarona e propranolol. Holter demonstra melhor controle de FC (94-106bpm), sem piora da função ventricular.
Conclusões
A maioria dos fetos com TSV responde a terapêutica transplacentária preconizada. No entanto, em alguns casos, quando o mecanismo da arritmia é mais complexo, ocorre dificuldade em reversão a ritmo sinusal, mesmo utilizando-se de todo o arsenal medicamentoso disponível.
Área
Relato de caso
Instituições
Instituto de Cardiologia do RS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Luiz Henrique Soares Nicoloso, Stephanie Schäfer, Daniel Victor Arnez Camacho, Alessandro Konrad Olszewski, Tiago Luiz Luz Leiria, Paulo Zielinsky