Dados do Trabalho
Título
Malformações arteriovenosas sistêmicas como diagnóstico diferencial de insuficiência cardíaca em recém-nascidos: dois relatos de caso
Introdução e/ou Fundamentos
Malformações arteriovenosas sistêmicas têm como fisiopatologia hiperfluxo e funcionam como shunts extracardíacos que independem da redução da resistência vascular pulmonar e, por isso, podem se manifestar clinicamente como insuficiência cardíaca (IC) nos primeiros dias de vida. Localizam-se mais comumente no sistema nervoso central e no fígado. Pode haver sopro audível em região transfontanela e hepática.O manejo da IC nesses pacientes é um desafio, porém, sabe-se que os diuréticos e a restrição de volume para reduzir a pré-carga são os pilares do tratamento.
Relato do Caso
Caso 1: RN, sexo masculino, 40sem, parto cesáreo indicado por aneurisma da veia de Galeno e aumento de câmaras cardíacas direitas. Necessitou ventilação com pressão positiva na sala de parto. APGAR foi 5/9. Exame físico: estado geral regular, dispneico, sopro cardíaco 3+/6+ BEEB, pulsos cheios, além de sopro audível em fontanela. Encaminhado à UTI neonatal com raio x: área cardíaca aumentada, timo e pulmões normais. Estável em cateter nasal de O2; no 4º dia de vida, evoluiu com descompensação cardíaca, iniciado furosemida, deslanosídeo, dobutamina e progressão para VMA. Apresentou melhora clínica, sendo extubado após 3 dias. Realizou RM/angioRM, confirmando-se o aneurisma da veia de Galeno. Equipe da hemodinâmica não indicou embolização. Recebeu alta com 22 dias de vida e mantém acompanhamento ambulatorial com cardiopediatria e neurocirurgia. Caso 2: RN, masculino, 37sem, parto cesáreo indicado por cardiomegalia devido a shunt intra-hepático com fístula drenando para átrio direito. Necessitou de reanimação. APGAR foi 5/6/8. Exame físico: estado geral regular, dispneico, acianótico, sopro sistólico 2+/6+ em BEEA, fígado palpável a 2 cm de rebordo costal direito, pulsos cheios. Na UTI neonatal foi realizado Raio x de tórax: área cardíaca aumentada, pulmões expandidos. Avaliado pela cadiopediatria que orientou iniciar furosemida, espironolactona e captopril para controle da IC. Achados do USG fetal foram confirmados através do ecocardiograma, USG com doppler hepático e angiotomografia do abdome. RN evoluiu com estabilidade clínica, suspensão do suporte de oxigênio, aceitando dieta por via oral, e aguarda realização de procedimento pela equipe de hemodinâmica.
Conclusões
Estes relatos apresentam relevância, já que, como condição rara e associada a prognósticos reservados quando não tratada, seu conhecimento aperfeiçoa o diagnóstico diferencial de IC, bem como a condução terapêutica mais precoce pelos pediatras.
Área
Relato de caso
Autores
Gessianni Claire Alves De Souza, Luziene Bonates Dos Santos, Camila Oliveira Hansen, Taiane Oliveira Lima Andrade Silva