Dados do Trabalho

Título

A importância do estudo individualizado do “coração do atleta” pediátrico.

Introdução e/ou Fundamentos

Atualmente existe um grupo de jovens envolvidos em treinamento físico de alto rendimento, com intensidade e volume capazes de promover adaptações cardiovasculares, denominadas “coração do atleta”, condição muito estudada na população adulta

Relato do Caso

Paciente 11 anos, sexo feminino, atleta há 3 anos de ginástica olímpica e cherleading, treina em média de 24 horas semanais (4 horas/dia, 6x na semana), procurou cardiologista pediátrico para avaliação de rotina. Nega queixas e previamente hígida. Exame físico e eletrocardiograma normais. O ecocardiograma evidenciou adaptação excêntrica, com strain longitudinal global de ventrículo esquerdo (SLG de VE) de 17,4%, com menores valores presentes em regiões basais, compatível com a diminuição de valores de deformação encontrados em praticantes de atividade física com alto volume e intensidade. Após 6 meses retornou para reavaliação e relatou que houve mudança no seu padrão de treino. O diâmetro da cavidade ventricular reduziu entre a primeira e segunda análise, e a espessura parietal apresentou leve aumento, demonstrando que a organização estrutural do VE passou de uma adaptação excêntrica para concêntrica, gerando um padrão mais homogêneo do bull's eye e valor levemente aumentado do SLG de VE (17,5%). Isto pode ser atribuído a modificação do treino, que era predominantemente isotônico, para exercício predominantemente isométrico ou misto.    

Conclusões

Sabendo que a deformação miocárdica corresponde a um índice de função miocárdica, é importante avaliar o treinamento do atleta de forma individualizada, sabendo que padrões diferentes de treino, induzem a diferentes padrões de eficiência miocárdica. A falta de medidas padronizadas para a avaliação do coração do atleta pediátrico, não impede que este acompanhamento seja feito, realizando anamnese e exame físico minucioso, comparando os padrões de medidas ecocardiográficas do paciente com ele mesmo e usando as tecnologias disponíveis como o estudo da deformação miocárdica. Torna-se se imprescindível aprimorar os conhecimentos médicos para essa população, uma vez que, além de saber identificar as adaptações cardiovasculares inerentes ao exercício físico, é fundamental distinguir o “coração do atleta” de processos patológicos, os quais, podem desencadear inclusive desfechos desfavoráveis durante o esporte, como a morte súbita.