Dados do Trabalho
Título
Drenagem anômala de veia sistêmica para átrio esquerdo
Introdução e/ou Fundamentos
Drenagem anômala das veias sistêmicas (DAVS) para o átrio esquerdo (AE) é uma doença rara que cursa com hipoxemia e tem diagnóstico desafiador. Relatamos dois casos, de uma criança e um adulto, diagnosticados após quadro de abscesso cerebral.
Relato do Caso
Caso 1: Sexo feminino. Apresentou aos 8 anos abscesso cerebral associado a cianose discreta. Durante estudo ecocardiográfico com teste de microbolhas, observada passagem apenas para cavidades esquerdas por forame oval patente, drenagem anômala de veia cava superior (VCS) direita em AE e drenagem anômala de veia pulmonar superior direita confirmado por angiotomografia (AngioTC) e cateterismo. Apresentou tontura com melhora rápida. Realizado cirurgia com sucesso. Caso 2: Sexo masculino. Relata cianose desde a infância e dispneia progressiva a partir dos 14 anos. Aos 45 anos apresentou quadro de abscesso cerebral. Realizou ecocardiograma que evidenciou comunicação interatrial tipo seio venoso inferior 21 mm fluxo bidirecional e hipertensão arterial pulmonar. Em investigação na cardiologia diante da suspeita de DAVS foi submetido a AngioTC que confirmou o diagnóstico de drenagem anômala de veia cava inferior em AE.
Conclusões
A DAVS tem uma grande variedade. Nos casos de drenagem anômala para o AE a hipoxemia está sempre presente e o seu grau depende do retorno venoso sistêmico. Isto justifica a hipoxemia leve encontrada no caso 1 e a cianose mais importante no caso 2, devido a maior porcentagem do retorno venoso ser da veia cava inferior cerca de 70-75%. A DAVS pode ocorrer isoladamente ou associada a outros defeitos cardíacos como no caso 1 forame oval patente, no caso 2 comunicação interatrial e em ambos drenagem anômala de veias pulmonares. A cianose leve é o achado mais comum, por ser bem tolerada pode passar desapercebido. O shunt direito-esquerda é potencial risco para quadros de abscesso cerebral e eventos tromboembólicos. O diagnostico pelo ecocardiograma associado ao teste de microbolhas aumenta capacidade diagnóstica. Embora raro o ataque isquêmico transitório após injeção de microbolhas pode ocorrer, o que provavelmente ocorreu no caso 2. AngioTC e Angioressonância como modalidades de alta precisão multiplanar e por terem a possibilidade de reconstrução tridimensional são atualmente os exames de escolha. O tratamento definitivo é cirúrgico. Em avaliação de hipoxemia inexplicável, abscesso cerebral e embolia paradoxal é importante realizar investigação com múltiplas modalidades de imagem para diagnóstico.
Área
Relato de caso
Autores
Morgana Moreno Boschi, Luciana Silveira Nina de Azevedo, Nathalia Oliveira, Nayara Almeida Lima, Gustavo Rocha Feitosa Santos, Jessica Picinin Cardoso, Alfredo Augusto Eyer Rodrigues, Valdir Ambrósio Moyses, Célia Maria Camelo Silva